quarta-feira, 25 de abril de 2007

Vídeo-arte: uso da mídia audiovisual como meio para registros artísticos.

Origem

A partir do meio dos anos 70 comeca a surgir uma forte tendência a posições contra a estética televisiva. Criticando a televisão como “meio para exibição somente de catástrofes ao espectadores, vídeoartistas produzem mensagens com essa mídia”. (Bruch 1982, p. 112).

Artistas de Body art e performance principalmente mulheres mostram nos seus trabalhos auto-observação e auto-reflexão, além da pergunta sobre a própria identidade (feminina) sempre com olhar crítico em relação às questões do controle que o vídeo pode exercer, a função de estar sempre a observar em situações privadas e públicas. Complementar a esse pensamento, artistas como Vitor Acconci, Valie Export, Rebecca Horn, Frederike Pezold, Annegret Soltau, Ulrike Rosenbach und Marina Abramovic começaram a explorar as formas de tratar imagem, som, outras possibilidades disponíveis com a mídia.

Os fluidos sobre o elemento água das vídeo-instalações de Fabrizio Plessi tiveram tanta importância dentro dessa corrente quanto a analítica, a relação de palavra e quadro dos trabalhos problematizantes de Gary Hill assim como as denúncias agressivas de Klaus vom Bruch.
As duas correntes levaram ao estabelecimento do vídeo como uma forma específica de produzir arte cujo desenvolvimento acontecia em instituições, museus, galerias, associações artísticas, mas também na televisão.

Surgem os vídeo-clipes – edição fragmentária em que elementos narrativos são unidos à linguagem visual pela música - nos anos 80.O canal MTV, único só para clipes, estende o formato pela programação: programas de jovens, de esporte e de debate ganham nova estética. O vídeo-clipe pode ser visto como um dos desenvolvimentos multimídias que aconteceu em conseqüência aos movimentos Fluxus e o Arte Povera dos anos 60, de Andy Warhol, Laurie Anderson e Robert Wilson até a chamada mídia arte dos anos 90.

“Nao a mídia pela qual o artista se expressa, nao a forma, mas a mensagem é que deve nos preocupar primeiramente.” (Herzogenrath 1993)

O espectro do uso da mídia como arte estendeu-se do vídeo, ao laser, aos hologramas, às fotos trabalhadas em computador, a ambientes de vídeo e às diversas mídias interativas.

sábado, 21 de abril de 2007

Rineke Dijkstra

"The Buzzclub Liverpool, UK / Mysteryworld, Zaandam, NL, 1996/1997"

Rineke Djikstra instalou em boates em Liverpool e em Zaandam uma câmera num cômodo ao lado da pista de danca. Pedia aos adolescentes freqüentadores dos clubs que dentro desse quarto agissem como faziam na pista.
Em Liverpool, as meninas vestem roupas apertadas e usam muita maquiagem. Os meninos, ao contrário, vestem-se de qualquer jeito. Já em Zaandam eles pertencem a uma subcultura, usam uma espécie de uniforme.
Confrontados com a câmera, estilos e poses de adolescentes tentando imitar adultos. A inseguranca ao saberem da filmagem misturada ao fingir ser-se quem se é. Foi percebida a discrepância das crencas.

Trechos dos vídeos das duas discotecas postos lado a lado com os barulhos dos dois lugaers misturados ao fundo:
http://www.zkm.de/goetz/exhibit16/langDE/exhibit.tpl

Bansky

Passando os olhos na parte de arte da "Dussmann" hoje, deparei com o livro do Bansky e nao consegui desgrudar até folheá-lo todinho. O trabalho dele é muito sarcástico, bem-humorado, inteligente e street - é a palavra que melhor define. É arte que vem das ruas, ele comecou grafitando. Algumas obras "Outdoor" ilustradas nas páginas vêm acompanhadas de um texto dele contando a situacao em que ela foi feita, o que torna os grafites muito mais interessantes.
Ele passa a impressao de nao estar nem aí para as letras das artes, conta que desenhou durante três anos os ratinhos imundos em diversas posicoes e situacoes para depois os nomearem de "anagramas".
Por que falar de Bansky? Dizer que gosto do que ele faz nao seria suficiente, o trabalho dele, que parece mega-adorado na Inglaterra é contemporâneo, ele aproveita e interage com o espaco urbano transformando, por exemplo, uma porta quadrada, estranha em cofre protegido por um rato gigante com o dizer: "This box contains documents of no value.", inserindo um stêncil "This is not a photo opportunity" numa mureta de frente para a torre Eifel, intervindo em monumentos clássicos das grandes cidades e documentando quanto tempo a intervencao dura até ser destruída, transformada.
A arte dele é interativa, nao tem sentido sem a presenca do público comum, passante, isso a outdoor, origem de tudo. Porque também tem muita coisa divertida feita indoor, geralmente intervencoes modernas em pinturas clássicas, pinturas em vacas porcos e até elefantes.
Um dos outdoors clássicos é o da moca varrendo a sujeira da rua para debaixo do tapete/muro. Outro interessantíssimo é o stêncil com a informacao: permitido grafitar nesta área. A documentacao do antes e depois da "placa" é engracada!
O site dele é bacana: www.bansky.co.uk, vale!

terça-feira, 10 de abril de 2007

Jeffrey Shaw

Em trabalho do Jeffrey Shaw o espectador entra num domo vazio e as imagens que aparecem sao projetadas exatamene na direcao em que o olho dele está, detectada por sensores.
Um vídeozinho de uma outra obra dele, "The Net.Art Browser".

Sensores presenciais: "Do we ever really connect, or are we just passing ships in the night?"

O espectador entra num longo corredor totalmente escuro. As telas por que ele passa sentem a sua presenca e os personagens saltam ao primeiro plano e quase sussurram, como se tivessem prestes a falar. A única luz emitida no ambiente silencioso é do branco dos rostos nessas telas. O visitante sente os personagens quase como presencas físicas. Fica angustiado de nao poder retribuir ao convite ao abraco feito por uma crianca tao real! A obra de Gary Hill é de 92.


Touch Movies

Chris Hales parece ser o papa dos filmes interativos. Já fez mais de dez e tem Phd no assunto. Os filmes dele têm basicamente o mesmo princípio, o espectador influencia na história a partir de seus cliques (com o mouse)/ toques sensoriais em determinados objetos. Jinker! de 93 é um filminho que eu nao vi, mas deve ser divertido. Uma comédia sobre um "loser" que precisa ir a uma entrevista. Sem a "ajuda interativa" do espectador, ele simplesmente fica pronto de vai. Clicando sobre os objetos do seu apartamente, o rapaz fica comicamente confuso.

Compondo imagens

Uma sala com teclado e uma tela, música e imagem (ok, além de powermac, interfacer etc etc). O espectador entra e espera que ao tocar o teclado interfira na música, mas na verdade vai editar em tempo real as imagens que aparecem à sua frente. Sao clipes de Sao Petersburgo e Helsinki gravados em mini-dv. De Simo Rouhiainen. Parece o máximo! Chama "Mir" essa obra, de 2003.

"Quasi cinema"

Hélio Oiticica e Neville de Almeida já em 74 propuseram um cinema interativo. Na experiência "Quasi cinema" fizeram a Cosmococa CC5 e a Cosmococa CC3 buscando romper com a inércis do espectador tradicional olhando a tela de uma mesma perspectiva.
A foto é do CC5, o visitante senta numa rede, fica se balancando vendo imagens de Jimi Hendrix projetadas ao mesmo tempo em diferentes paredes enquanto ouve músicas dele na sala. Delícia!
A CC3 era parecida. Areia coberta com vinil e fotos da Marilyn Monroe!


foto em: http://www.fortesvilaca.com.br/artistas/helio_oiticica/

Cinema-instalacao, Transcinema, video-arte

Tempos de digitalização e novas mídias que possibilitam experimentações nos suportes para imagem, nos formatos de projetar e sonorizar. O cinema contemporâneo não é somente aquele em que o espectador senta e assiste de um mesmo ponto ao filme. Hoje o cinema também é interface, superfície a ser atravessada.
O espectador tem a possibilidade de experimentar sensorialmente imagens, interage. Escolhe um ponto de vista, faz sua própria composição, conecta rede de fragmentos. No transcinema*, o espectador ativa a trama.
Sam Taylor Wood, vídeo-artista, videasta, fotógrafa mais alguns outros créditos, parece ser uma pessoinha invocada. Esse trabalho dela, Pent-Up, me chamou atenção. É uma instalação composta de cinco telas, que projetadas compõem um panorama. Em cada uma, um personagem solitário vive uma situação de angústia. Em alguns momentos parece que os personagens se comunicam. Quem produz esse sentido, essas falas entre os personagens é o espectador, “participador”.