sábado, 30 de dezembro de 2006

BABEL - dir.: Alexandre González Iñárritu

Ainda estou sob impacto da história e não é preciso muito esforço para as lágrimas voltarem a escorrer pela face. É difícil com tanta emoção fazer uma análise objetiva de Babel. Mas esse texto não se pretende objetivo tampouco uma análise.

O roteiro é composto de quatro histórias paralelas, uma em cada canto do mundo. Não é à toa o título, Babel: não só pela localização espacial mas pelo que move cada núcleo. No fundo o filme é sobre globalização, sobre o mundo estar cada vez menor e como cada um ou cada sociedade reage a isso. Os núcleos obviamente se encontram. Lembra Veneno da Madrugada (dir.: Ruy Guerra) em que há três tramas interligadas. Muita gente anda usando esse recurso de roteiro. Bacana, mas difícil de fazer; quando dá certo é lindo. Embora a junção das histórias em Babel seja meio forcada. Lembrou-me aquela brincadeira de que você conhece o mundo inteiro a partir de três pessoas. Cada uma das quatro histórias é completa e nao importa se a ligacao entre elas é perfeita. A compreensao dos problemas a que o filme se refere e consegue estabelecer, basta. Quem procura por lógica talvez nao fique satisfeito.

No Japão, a protagonista é uma menina que deve ter seus dezesseis anos. Ela é muda o que permite-lhe uma observação do mundo bem peculiar. Um detalhe que nos faz sentir mais pena dela ainda. Tem uma história difícil, viu a mãe se suicidar e daí degringolam seus problemas, parece. Sente-se sozinha. O tema desse „núcleo“ é a solidão. Sinto-me mal de chamar de núcleo, porque parece que estou falando de novela! Bem, o caso é que a menina está perdida. Ela quer dar de qualquer jeito, mais do que isso, quer um relacionamento. Tem sentimento mais universal e atual do que esse? O que todos procuram no meio desse caos de vida nao é isso, um porto seguro?

No Marrocos, um casal de turistas viaja pelo deserto. A mulher não gosta de estar ali. Não gosta de se deparar com a sujeira, a miséria que na verdade é o mundo. Não está acostumada a ver isso. Ela gosta de beber coca-light, jogar tênis, ir ao teatro. O marido parece preferir destrinchar um pouco o que há nesse mundo. No ônibus que leva eles e mais outros turistas do primeiro mundo para passear, ela leva um tiro. A esmo.

Quem deu o tiro foi uma criança dali. Que ganhou a arma do pai para matar cabras e resolveu brincar com o irmão na montanha.

Vemos de tudo ali: a falta de solidariedade e o individualismo do primeiro mundo e por outro lado a solidariedade do terceiro, quarto mundo, quinto. A paranóia do terrorismo, a ignorância.

No último núcleo, os filhos do casal e sua babá, imigrante mexicana que está tomando conta deles na ausência dos pais viajantes. Ela atravessa a fronteira para o México com eles para ir ao casamento do filho. Tão perto, parece durar menos do que duas horas de carro o trajeto guiado pelo motorista, Gael García Bernal. Que homem, gente! Curto e complicado o caminho. Na volta para casa, as crianças e a babá se vêem por paranóia das autoridades perdidos no deserto. Quase morrem, no fim a babá é deportada apesar de viver há mais de dez anos nos EUA!

VAMOS ABRIR AS PORTAS DESSE MUNDO!!! Dá vontade de criar esse movimento por aí. Um certo resquício ariano isso de fronteiras. A desigualdade é afinal culpa de alguém ou de todos? Ninguém soube responder.

Ficha técnica e tudo mais vocês podem googlar para saber.

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